sábado, 3 de outubro de 2015

O mar que sobe

"Notas" no Click de hoje. 3 de outubro, na Antena 1.

A geração nascida na mudança de século está quase em idade universitária, e fará 30 anos, daqui a outro tanto tempo. 2000, 2015, 2030: três mundos diferentes.

Em 2000 a população mundial superava já os 6.000 milhões. A China, que não tinha ainda aderido à Organização Mundial do Comércio, era o país mais populoso; os Estados Unidos da América a maior economia; as torres gémeas faziam parte da paisagem de Nova Iorque; o Produto Interno Bruto de Portugal, a preços constantes, tinha crescido mais de 3%; a guerra no Kosovo acabara; a wikipedia não existia.

2015. Um mundo que ganhou mil milhões de pessoas. Que se deslocam muito mais, em virtude de menores barreiras e melhores transportes, para conhecer, para estudar, para trabalhar ou para fugir. Vidas que rotulamos: emigrantes, com “e” ou com “i”, migrantes apenas, talentos, cérebros, mão de obra, refugiados, gerações perdidas ou ganhas. Estados Unidos da América, Federação Russa (talvez ainda restos do império) e Arábia Saudita recebem o maior número.

Em pouco tempo a Europa encheu-se de histórias e de imagens que lembram outros tempos e outras paragens, como os boat people vietnamitas, de há décadas, ou as longas marchas. Mas é agora e é aqui! Estes são alguns dos 16 milhões de refugiados que se estima existirem e que se encontram, maioritariamente, na Jordânia, na Palestina, no Paquistão, na Síria, no Irão e na Alemanha.

As migrações são um tema familiar a este país que continua a encolher, mas que tem 2 milhões de portugueses a residir no estrangeiro, entre os quais 17% da população do Luxemburgo.

A mudança não pára: em 2030 a população global estará bem acima de 8 mil milhões; 60% viverão em cidades; a Índia será então o país mais populoso e a China a maior economia. Muito mais pessoas terão formação superior. O valor de um diploma será outro. Os sistemas de ensino e do trabalho serão, forçosamente, diferentes.

As pessoas continuarão a mover-se, transportando consigo o saber, promovendo novas cooperações, alterando equilíbrios que se davam por adquiridos. Em parte, este é o significado de uma economia globalizada e baseada no conhecimento.

Os muros não deterão o mar que sobe.

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