quinta-feira, 15 de maio de 2008

Soundbits

"E por isso tomei uma decisão: isso não vai voltar a acontecer porque também decidi deixar de fumar." - José Sócrates.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fast-food televisiva

12 de Maio - Abertura dos noticiários da noite. O tema omnipresente nos três principais canais nacionais, RTP1, SIC e TVI, é novamente o futebol. Não é uma reportagem sobre os estádios do Euro2004, sobre os resultados do campeonato ou sobre os mais recentes casos disciplinares do futebol nacional. É um directo: a intervenção do “mister”, o estágio da selecção, as reacções de jogadores e dirigentes, os comentadores em estúdio.
A SIC optou por um formato mais comedido: 8 minutos para começar, seguidos de outros acontecimentos do país e do mundo, e voltando à carga ao passar da meia hora. A RTP1 alongou-se por 17 minutos, e com a promessa de, após o intervalo, voltar à selecção e ainda ao adeus de Rui Costa. A TVI foi mais longe conseguindo ocupar 22 minutos consecutivos, antes do futebol ceder lugar a Fátima.
Julguei que já tínhamos ganho o Europeu! Mas afinal, não. Era apenas o anúncio da lista de jogadores convocados para a selecção nacional, rumo ao Euro2008. Confesso que me escapa a relevância e a primazia conferida a estes directos.
Felizmente não estamos limitados a estas fontes de informação, que se repetem sem imaginação, quais monoculturas intensivas que transformam o solo em deserto, nem à ditadura das imagens em directo, que se desenrolam perante os nossos olhos. Há mais canais televisivos, jornais, rádio e Internet, com edições on-line e opiniões de muitos. Não temos que consumir a fast-food que nos oferecem.

Plano Tecnológico

A mãe, docente no Ensino Superior - "E então perguntei aos meus alunos quem usava o computador para estudar.".
A filha, aluna do 10º ano, com computador em casa e acesso à internet, num misto de espanto e indignação - "Computador !? Para estudar!?"

sábado, 3 de maio de 2008

Usos e desusos do conhecimento

Numa sociedade denominada “do conhecimento” há ainda um longo caminho a percorrer no que se refere à utilização do conhecimento nos processos de decisão.

Uma caracterização de diversos problemas neste domínio, em conjunto com a sugestão de recomendações para os atenuar, são apresentados na obra Willingly and knowingly – The roles of knowledge about nature and the environment in policy processes, RMNO, Lemma Publishers, 2000. Nela são analisados os processos de decisão, a partir do estudo de casos complexos com repercussões em termos sociais, ambientais e económicos.

Alguns exemplos, extraídos a partir das conclusões:

  • a definição do problema condiciona fortemente o papel conferido ao conhecimento disponível (ver os estudos comparativos para o Novo Aeroporto de Lisboa entre localizações previamente definidas vs. a abertura à possibilidade de uma nova localização);
  • o conhecimento é utilizado estrategicamente, pelas partes envolvidas, como instrumento de legitimação de posições adoptadas a priori e como extensão da luta pelo poder;
  • a prevalência de uma visão da ciência como “objectiva”, “independente”, não influenciada por valores;
  • o uso da incerteza como instrumento de desacreditação do conhecimento (relembrar as discussões sobre o tratamento de resíduos perigosos);
  • a dificuldade de comunicação entre decisores e investigadores.

Eis um fragmento:

Observation 6: knowledge is often not used for the formulation of policy.
Large quantities of knowledge produced for the benefit of policy are never used in that policy-making. This selective (under)use of knowledge can be attributed to different factors. Some are person-bound (for instance: the paradigm of a policy-maker, interests of policy-makers and users, knowledge monopolies), other relate to the way in which knowledge is presented (too much, too little structure, too little interaction, bad timing).